1. Meu ar slow motion. Sou lentidão pura. Tenho a precisão de uma tartaruga para caminhar com a vida. Penso devagar, falo devagar (algumas pessoas se enervam muito com isso, demoro muito a terminar sentenças, às vezes simplesmente não termino), ajo lentamente na maioria das ocasiões. Adio decisões interminavelmente... No entanto, a lentidão, no meu caso, não é nenhum sinônimo de prudência. É lerdeza mesmo. Para fazer bobagens costumo ser rapidinha...
2. Só. Sou solitária por natureza. Em ônibus e filas de banco. Em cinemas, igrejas, shopping centers. Entre multidões, obviamente. Mesmo entre amigos chegados. Mesmo em festas. Mesmo a dois. E especialmente em reuniões de família. Tenho um sentimento que aos poucos defini como estranheza. Acho que é muito comum nos dias de hoje, vejo-o citado por outras pessoas. E não tem nada a ver com o isolamento ou fobia social. Sou tolerante e me afino facilmente às pessoas mais diversas, adoro rir, brincar e conversar. Adoro ser convidada para os programas mais distintos. De ir ao cinema a cair de boca numa montanha russa (claro, boates, vaquejadas e shows sertanejos, passo). Mas, no fundo, estou sempre só. (Acho que todo mundo que já leu esse blog meio que já sacou isso, mesmo assim, não quis perder o tom confessional).
3. Sem lenço nem documento. Há uns três anos (talvez um pouquinho mais) não faço assinaturas de jornais e revistas porque não tenho endereço fixo. Perdi contato com alguns amigos/as a quem escrevia cartas por ter passado tempo demais sem saber o que colocar ali embaixo de onde está escrito "remetente". A fatura do meu cartão é debitada na conta corrente para desatar um dos nós do imbróglio. Venho morando em lugares que não são meus e em cidades que não são minhas. Mas a verdade é que nunca tive um sentimento de pertença. "O céu é meu teto", brinco. E daí os amigos me chamam de cigana, nômade e etc. Isso tem se tornado crônico ultimamente. Tenho medo de estar endoidecendo, às vezes, com essa necessidade de ir embora que não cessa. Não é algo repentino, aos 17 anos saí da casa dos meus pais. Que já não era minha. E ainda não encontrei aquele lugarzinho que pudesse chamar de lar. Isso não chega a ser inédito – já que esse blog praticamente gira em torno de minhas queixas e esta é uma delas.
4. Nada de chapinha. Durante toda a vida (até bem pouco tempo) achei que tinha cabelo liso e queria, em vez disso, ter cachinhos. Queria uma juba indomável dessas que a gente puxa para trás e prende na tiara. Nos coroando, nebulosa, meio medusa. Sempre me descrevi como baixinha, pele clara, cabelo escuro, liso. Agora isso mudou. O paradigma de cabelo liso já não é mais aquele. Hoje, sou uma rebelde, praticamente. Descobri isso quando a sogra do meu irmão insistiu comigo para que eu fizesse uma escova progressiva. "Seu cabelo vai ficar liso de verdade", disse ela. Gostei da sensação de transgressão. Agora estou geneticamente fora de moda. Hehe.
atualizando: só agora notei que em minha lista de seis há dois itens no. 4. Devia agora acrescentar um oitavo, para dar conta da minha desatenção.