quinta-feira
Terra estrangeira
fotos: Abbas Kiarostami
Me perco numa paisagem de Kiarostami. Areias espessas. Imagens negativas. Entre o granulado da areia, a estrada intermitente, uma árvore rota, voragem. Memórias silentes do porvir. Solidão introjetada numa fotografia em branco e preto. Sobre suas fotos, ele diz: “um profundo sentimento de inadequação”.
Assim como eu. Minha paisagem é esta. Nuvens imensas me inundam, quase ausentes de desejo e de sentido. O que compele à vida? Nesse mundo árido, derramado de sóis? Qualquer dia, qualquer um, nesses lugares tingidos de cinza que borraram meu rosto. Nesse anjo de concreto de asas mudas.
Meu pensamento permite-se, mas não ousa. Haverá fendas, foguetes, trilhas? Ainda não sei. Meu coração, não. Não é uma ilha.
Meu coração é uma estrada de Kiarostami.
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5 comentários:
Dai, bonito teu texto, mas tão triste. Amanhã vou te escrever, hoje estou com sono. Bj querida.
Laura
Lindas tuas palavras.
Beijo
Tão perfeito, me encontrei nas tuas palavras e nas fotos. Beijos querida.
As imagens são mesmo inspiradoras... e você parece não ter perdido tempo.
Só falta agora, talvez, deixar que seu pesamento ouse...
paisagens sempre dizem algo.
imagine a paisagem de minha vida que nem fotografada foi. porém, vale a nossa paisagem interna, e o horizonte além das palavras que as discrevem.
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