Esse fim de semana fiz ficha na locadora aqui perto. Considerando que há um mês e meio estou aqui, acho que é o prazo. Para se ter ficha na locadora. Mas não era sobre isso que queria falar. O que acontece é que tenho um amigo que me indica filmes e pergunta se já os vi. Bom, indicar não é bem a palavra. Ele intima. Tipo, ele é bem persuasivo. E insistente. Então, há um ano ele me perguntava. Sempre. Se já havia visto Cold Mountain. E eu ficava meio sem jeito...mas a resposta era sempre não. Não tinha cara para contestar e explicar que este não é bem o meu tipo de filme...e ele falava muito apaixonadamente da história. Quando começávamos a conversar no msn, antes de mais nada, eu advertia: “não, ainda não vi Cold Mountain”... Mas, esse amigo é muito querido. É o que chamam de pessoa sui generis. Não existe outro igual. Por exemplo, não conheço mais ninguém nesse mundo que tenha conhecimentos enciclopédicos sobre concursos de miss. Nem outra pessoa cujo grande dote culinário seja fazer churros com recheio de doce de leite. Junte a estes ingredientes um sarcasmo fora do comum e um excelente gosto cinematográfico: eis a pessoa inigualável de quem falo. Por isso é tão querido. Por isso eu corri na sexta-feira e fui alugar Cold Mountain. Pois não podia mais me sentir em dívida com ele... E também vi outro, de sua indicação. Um donut britânico... “Querido Frankie”. Para encerrar, aluguei uma indicação indireta dela. E...amei. O assisti em ótima companhia, aproveitando um convite para um almoço de domingo, com direito a uma deliciosa lasanha de caixinha (adoro lasanha de caixinha).
O interessante desses três filmes é que me advertiram de que os finais eram frustrantes...engraçado porque não achei...
Cold Mountain
De fato, depois daquela espera fastidiosa, de algumas situações nonsense no meio do caminho e todo aquele sangue suor e lágrimas... é cruel que tudo tenha se resumido a 1 noite só. Mas, como, em termos de guerra civil americana, o parâmetro para essa produção hollywoodiana é “E o vento levou”... não dava para esperar outra coisa a não ser um final onde as personagens femininas fossem preponderantes. Reneé Zellwegger é a caipira arquetípica. Nicole Kidman está perfeita no papel que melhor sabe fazer: o de mulher mais linda do mundo. Jude Law – se não tiver usado dublê de corpo – tem o bumbum mais escandalosamente perfeito e exuberante do cinema. E Natalie Portman só precisa de alguns minutos de filme para roubar completamente a cena. Claro, chorei cântaros, do começo ao fim. Lindo.
Querido Frankie
Um docinho esse filme rodado em Glasgow. (Lindas paisagens portuárias. Lindas tomadas sobre o mar). Sobre um garoto surdo de nascença que troca cartas com o pai, marinheiro viajando o mundo à bordo de um navio pesqueiro. Na verdade, a pessoa por trás das cartas é a mãe dele, uma mulher jovem e solitária, de grande imaginação que quer proteger o filho da sombra do homem violento com quem conviveu no passado. O conto de fadas vai bem até que o jornal noticia que o tal navio irá aportar na cidade. A moça se apressa em alugar um pai para não acabar de vez com os sonhos do menino. O roteiro tem uns furinhos. Tipo, o pai alugado é perfeito demais. Podia ser um pouquinho menos. Já brinquei que quero saber quanto custa um fim de semana com um daqueles, pois a minha gata e o meu cachorro andam muito carentes. Hehehe. Gerard Butler é um charme. Aff. O final é super bonito e nada óbvio. Lógico que não vou contar. Mas é muito singelinho e sem moral. Apenas a vida. Uma história de amor em família.
Contra a parede
Ela falava de um jeito super instigante desse filme. Eu assisti e era como se já conhecesse aquela história de perto. Não falo das circunstâncias. Mas dos sentimentos. Do encontro de sobreviventes. Que fazem pouco caso desse mundo porque não se sentem mais parte dele. Daquele carnaval de sentidos. Do gosto agridoce que mistura encantamento, vertigem, posse. Nessa ordem. Eu sabia que ‘aquele’ seria o final. Já o conhecia. Para mim é bastante razoável compreender que há pessoas que encontram complementaridade e estabelecem laços de amor vindos de um instinto de sobrevivência. Mas, desde logo, fica claro que eles não se pertencem. E a vida segue outros cursos. Quando, enfim, libertam-se da fúria autodestrutiva, precisam recomeçar sem nenhum vestígio de passado.
4 comentários:
Adoro pessoas assim, como esse seu amigo, que não indicam, 'intimam' a assistir. Sou meio assim também.
Eu não vi o Cold Moutain, depois do que li aqui, assistirei. Desmistificando emoções. Sabe como é.
Querido Frankie tb não vi. Mais um para a listinha e o barbudinho em questão é realmente pra lá de interessante.
Contra a parede. Também o vi por indicação 'dela'. Que é algo de muito especial pra mim. Eu gostei tanto desse filme que vi 3 vezes. Forte, intrigante, absurdo, real. Acho que foi essa realidade tão cruel que doeu em mim. Chorei em várias partes. Mas foi muito bom.
Gosto de te ler.
Bjs
Ai, Deus, eu morro de vergonha de indicar Contra a Parede... Porque já teve gente que quis me socar. Porque o filme é meio, bom, é muito pesado. Mas me diz tanto... Enfim. Eu tenho uma amiga como o seu amigo e ela já me indicou Cold Mountain. rs. Tenho resistido, não é muito a minha (não suporto a Kidman). Querido Frankie gostei bastante. Também achei o Butler muito bonito. ;)
Beijinhos.
Ow, Dai!!! Fico pensando, como vc me descreveria. Vc descreve as pessoas tão lindamente, que parece que as conhecemos há anos. E esses filmes, me deu até vontade de ver! Nesse fim de semana, tb assisti a um ótimo, "Johnny e June".
Beijão.
Quero companhia pra ver filme.
E um amigo assim.
Com churros de doce de leite incluídos.
Beijos.
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