quarta-feira

prece em noite quente.


Como assim, medo do porvir?
Eu não.
Ao contrário.
Não vivo sem o desconhecido.
Precisamos um do outro.
Traçamos limites tênues entreolhos.
Roçamos umbigos – estamos unidos por um mesmo fio.

Preciso que ele me obscureça. Me guarde. Me guie.
Porque sou selvagem e troco de pele.
Porque sou lenta e preciso que o tempo me desvire o avesso.
Porque todos os apelos me regem, governam e iluminam.
Sim, eu preciso ir.
E, se não for agora
Será logo ali
Onde ele habita
Esse todo nada.
Essa fome
Esse não sei quê
Que existe junto a mim
E me leva pela mão.

4 comentários:

Anónimo disse...

Adorei. A poesia - linda - me disse tanto. Porque vivo um momento de me deixar ser guiada e sem medo, coisa rara pra mim. Bj.

Anónimo disse...

When we see a little angel, caminhando a nossa volta, trocando de pele, reinventando umbigos e cordões de pratas lembranças deixadas por aí ao alcançe de mãos que clamam por orientações...
Bonito demais...rs

S_E

*ci* ramoss disse...

Dai, essa poesia sintetiza da melhor forma possível esse momento que vc vive. Pelo menos para mim. E fico impressionada e bem mais tranquila de perceber como vc tem "noção", amiga, disso tudo e do que está por vir. Sabe que no fundo tenho um pouco de sentimento de proteção por quem eu amo, e me preocupo com vc. Mas percebo como vc está madura, mesmo com todo redemoinho que começa a se aproximar. Bjoooos.

Laura_Diz disse...

Lindo poema, Bj laura