terça-feira

A teoria do amigo

Com o propósito imediato de quebrar o jejum + as boas intenções de divulgar assunto de 'utilidade pública', resolvi postar algo que não é meu, mas foi 'ponto de pauta' numa divertida discussão etílica da qual fiz parte, recentemente. Três mulheres comentavam a aridez dos períodos de meia estação (quando não estamos pegando ninguém). A mais descolada delas apresentou uma sofisticada teoria, advertindo que recorrer à nossa agenda de amigos pode ser a melhor solução nessas fases de crise - quando não estamos abertas/os a novos relacionamentos, mas também não merecemos a angústia do celibato. As outras duas tiveram reações um tanto reacionárias (confesso que não consegui pensar em nenhum amigo que se disporia ou a quem me disporia, assim de cara). Para desabalar nosso conservadorismo, ela encaminhou o seguinte email:

Acho que preciso desenvolver mais minha teoria do amigo para vocês não ficarem me achando uma pervertida. Para começar, claro que não estou falando do melhor amigo ou daquele superamigo de infância!

Tem umas opções melhores, tipo aquele amigo que sempre quis ficar com você ou aquele com quem você sempre quis ficar. Ai, meu Deus, será possível que só eu tenha alguns desses? A melhor de todas é aquela pendência, aquele cara que você gostava e que também gostava de você de uma forma esquisita e platônica, porque vocês dois estavam namorando com outras pessoas na época. Quando rola algo assim, é bem legal.

A verdade verdadeira é que quem já disse a velha frase que "sem tesão, não há solução" estava certo! Ou seja, aquele amigo-irmão, em quem não dá para pensar como alguém pegável, definitivamente, não dá caldo. Uma coisa que acho ruim de ficar com amigo é quando algum dos dois gosta mais do que como amigo. Nesse caso, a situação pode complicar sim. Fica mal resolvido, né? Fica até chato. Já com os outros, nada muda, fica tranqüilo.

Também não pensem que já fiquei com 300 amigos, foram só uns dois ou três, mas foi algo legal, sem estresse depois. No mais, bem, meninas, vamos lá, amigo é pra essas coisas também!!!

O que eu acho é que cada um deve mais é fazer o que quer da vida. Hoje li no jornal uma matéria sobre gente que não transa por opção. E acho até que eles estão certos, ora, se nem gostam de sexo! Parece que toda opção que se faz carrega uma pressão tão grande. Só que tem gente que precisa se virar quando está solteiro, certo? E, acreditem, um amigo pode ser bem melhor que um passante! Pronto, falei! :D


Bom, depois dessa, assinei embaixo. Lógico que a 'teoria do amigo' não é a solução para todos os males, também imagino que não se aplica a todo mundo (muita gente não tem amigos assim, mesmo), mas não deixa de ser uma idéia instigante. ;) Risos.

segunda-feira

Banzo, de novo...

Eu tenho dessas coisas. Mais do que gostaria. Acho que é a proximidade da minha idade nova. Acho que é a inconstância da vida. Acho que estou escutando Alanis Morisette demais.
E daí não tenho vontade nenhuma de escrever. É destes momentos na vida em que preciso de um tempo para me ouvir e tomar o rumo de quem sou... E recentemente fiz algo que não fazia há séculos. Um poema (ou alguns). Falando de amor. Ei-lo(s):

Um pedaço dos teus olhos
Ficou em minha visão do mar
Um rumor de tua língua
Contorna a minha palavra
Na textura de teus dedos
Vivem os extintos fios
De meus cabelos

Em tudo que é nada
Jaz o tempo do que fomos
Guardado no coração mínimo
E escuro
De uma concha marinha.

*

Tudo que é ínfimo
E não cabe na intensidade da distância
Tudo que é perda
Renovando a incessante partida
Trago esse relicário
Atado ao peito
Em pontos cheios
E assim te preservo
Para te perder um pouco mais
A cada dia.

*

Esse amor retesado no peito
Penitência clara
Cheio de vincos
De estrias e vigas velhas.
De musgos alardeando
Histórias semi-esquecidas

Esse amor carcomido
Sem dotes, sem pecha
Sem dom, sem batismo

Trincado no vidro
Fadado na alma
Abatido prematuro
a tiros

Esse amor que gostaria de ter nascido.